quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Grupo faz ato no Rio em homenagem a motorneiro que morreu em bonde



Moradores prestam homenagens ao motorineiro Nelson Silva (Foto: Tássia Thum/G1)
Moradores prestam homenagens
ao motorineiro Nelson Silva (Foto:
Tássia Thum/G1)

Moradores de Santa Teresa, no Centro do Rio, homenagearam na noite desta quinta-feira (1º) o motorneiro Nelson Correia da Silva, um dos cinco mortos no acidenteocorrido com o bondinho no último sábado (27). Na ocasião, mais de 50 ficaram feridas.
O serviço de bondes no bairro completou 115 anos nesta quinta. No entanto, o clima entre os passageiros e usuários do transporte era de tristeza e consternação. Os participantes do ato fizeram um minuto de silêncio em memória às vítimas do desastre.
Com o serviço de bondes paralisados, o artista plástico Getúlio Damado confeccionou a réplica de um bondinho , para que turistas e crianças pudessem conhecer o principal símbolo do bairro. Segundo Damado, o bondinho suporta dez crianças sentadas e outras seis em pé. Emocionado, o artista lembrou do motorneiro Nelson.

Crianças aproveitaram para conhecer o bondinho criado pelo artista plástico (Foto: Tássia Thum/G1)
Crianças aproveitaram
para conhecer o bondinho
criado pelo artista
plástico (Foto: Tássia
Thum/G1)
“Eu moro em Santa Teresa há 26 anos. O Nelson era um bom profissional, paciente e cuidadoso com as crianças e idosos. Perdemos um dos ícones do nosso bairro. Ele era querido por todos”, desabafou Damado.
A jornalista Fernanda Cavalcanti, que reside no bairro há mais de 20 anos, pediu o retorno de bondes seguros ao bairro. Ela contou que possui em sua casa vários artesanatos com o principal símbolo do bairro. Carregando um porta-chaves em formato de bondinho, ela desabafou sobre o acidente.
“Não dá para esconder a indignação dos moradores, o acidente foi muito chocante, de uma brutalidade impressionante. Esta tragédia foi fruto de descaso e de interesses comerciais”.
O vereador Paulo Messina e o deputado federal Chico Alencar participaram do ato. O parlamentar discursou e disse que “não se pode viver de crônicas de mortes anunciadas” e prometeu colaborar para o retorno seguro do transporte no bairro.
O Ministério Público informou que o procurador-geral Cláudio Lopes instaurou na última quarta-feira (31) um inquérito para apurar as possíveis responsabilidades cível e criminal do Secretário de Transportes Júlio Lopes.

Morador é impedido de entrar em bonde

O morador de Santa Teresa Fábio Barreto gravou o momento em que foi impedido de embarcar em um bonde, há cerca de um mês, com a explicação de que a composição estava fechada para um grupo de pessoas. O vídeo foi publicado no dia 31 de agosto no You Tube. As imagens foram feitas um mês antes do acidente em que um bondinho tombou no bairro.
Segundo a Secretaria de Transportes, o bonde no vídeo seria um "bonde turístico", serviço oferecido aos visitantes do bairro, com tarifa diferenciada, que existe desde 2001. No entanto, o serviço, segundo a secretaria, só seria oferecido aos sábados, e Fábio afirma que foi impedido de usar o bonde em uma quarta-feira (27 de julho). A secretaria diz que "pode-se referir a uma viagem excepcional, em razão de visitas de comitivas consulares, turistas estrangeiros, grupos escolares ou filmagens de promoção à imagem do Rio ou de Santa Teresa."
O bonde nas imagens feitas por Fábio parece novo e em boas condições, enquanto que o que sofreu o acidente no dia 27 de agosto esteve 13 vezes em agosto na oficina para manutenção. O governador do Rio, Sérgio Cabral, chegou a falar que a frota de bondinhos estava sucateada. Os bondes de Santa Teresa não são apenas uma atração turística do bairro, são também um meio de transporte muito usado pelos moradores. Desde o acidente, os bondinhos estão suspensos.
Fechado para um grupo
Fábio, de 36 anos, que mora há 15 em Santa Teresa, no Centro do Rio, diz que foi impedido pelo motorneiro e por um guarda uniformizado de subir. Segundo Fábio, eles argumentaram que o bonde era especial.

No vídeo, eles dizem que o bonde estava com hóspedes de um hotel da região, e Fábio diz que o bonde foi "privatizado". Ele argumenta: "É mesmo? Mas é privativo por quê? Explica pro seu amigo." E eles explicam: "Fechado, só pra um grupo." Ele segue: "Um grupo de pessoas? E vocês contrataram, como é que é isso, é pago o bonde?" E respondem: "O hotel. Do hotel."

Em nota, o Hotel Santa Teresa esclarece que funcionários do hotel eventualmente acompanham grupos de turistas que manifestam interesse em fazer o passeio. A nota diz que o bonde já estava lotado com passageiros e turistas, e por isso não foi possível o ingresso de outros passageiros na viagem.

Fábio, que é músico e fotógrafo, afirmou que na hora em que quis embarcar havia lugar no bonde. Ele estava acompanhado da filha e da mulher "Bateu uma indignação. Fiquei muito revoltado", disse. "Tirei a máquina e comecei a gravar".

Outro caso
Vice-presidente da Associação de Moradores de Santa Teresa, Yorg Mertens, afirma que já passou pelo mesmo problema que Fábio. Ele diz que foi impedido pelo motorneiro de subir em um bondinho que descia as ladeiras do bairro. "Não deixavam passageiros subir. Mas eu subi de qualquer jeito. Disse: 'não me interessa sua argumentação, você não vai me impedir'.

Segundo a associação, há muitos anos havia um serviço chamado bonde ecológico, que teria parado, ainda de acordo com a associação, por causa da escassez de bondes. A associação afirmou já ter recebido outras queixas sobre os bondes como a de Fábio.
Fonte:
G1

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