O americano Shane Carwin admitiu ter mentido para o médico do UFC para evitar que sua luta contra Júnior "Cigano" dos Santos, no último sábado, fosse encerrada mais cedo. O peso pesado tinha o rosto ensanguentado e não conseguia enxergar direito.
O combate foi evento principal do UFC 131, em Las Vegas, e valia um desafio ao cinturão dos pesos pesados, atualmente nas mãos de Cain Velasquez. Carwin sofreu cortes no supercílio e no nariz ao levar uma série de socos do brasileiro no rosto ainda no primeiro round, após cair vítima de um direto de direita. Mesmo assim, o americano se levantou e continuou na luta.
No terceiro round, entretanto, outro golpe de Cigano abriu novamente as feridas e o árbitro Herb Dean interrompeu a luta, preocupado com um corte ao redor do olho de Carwin. Um médico do UFC entrou no octógono e perguntou ao lutador se, quando ele olhava diretamente para frente, conseguia ver a mão do médico no canto de seu olho. Carwin respondeu que sim, de forma convincente. Todavia, em texto publicado em seu blog oficial, o americano admitiu que mentiu para continuar na luta.
- Depois do segundo round, eu sabia que estava em perigo. Meu nariz tornou impossível de respirar, meus olhos estavam cheios de sangue e Júnior ainda estava vindo pra cima. Quando o árbitro parou a luta no terceiro (round), pensei que estava terminado. Quando o doutor veio ao octógono, eu sabia que teria de convencê-los a me deixar continuar. Sabia que estava em perigo, mas também sabia que só precisava de uma chance limpa. Não era capaz de ver, mas disse que conseguia e continuamos - escreveu Carwin.
No UFC, as lutas devem ser paradas se um dos lutadores não consegue ver. Tipicamente, o árbitro interrompe a luta e a comissão médica avalia a visão com exames rudimentares, como levantar um dedo. Frequentemente, os médicos confiam no depoimento do próprio lutador.
O árbitro Herb Dean, por sua vez, admitiu em entrevista ao site MMAjunkie.com que pensou em encerrar a luta ainda no primeiro round, mas que viu Carwin levantar uma das mãos para tentar bloquear os socos de Cigano e, por isso, deu mais uma chance ao americano.
- Eu estava certamente muito perto de parar a luta. Talvez pararia com mais um soco indefeso, mas sempre procuro uma razão para permitir que a luta continue. Árbitros não estão aqui para interferir ou participar das decisões, então se você vê que alguém está trabalhando em alguma coisa ou se movendo em uma direção para melhorar sua posição, você vai sempre tentar dar uma chance de funcionar. Foi isso que o Shane Carwin estava fazendo. Ele fez um bom trabalho, suportou a tempestade e voltou - disse Dean.
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Carwin (à esq.) ficou com o rosto ensanguentado após sofrer nas mãos de Cigano (Foto: AP) |
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