Toni Venturi ainda não conseguia controlar a ansiedade no Cine PE, o Festival do Recife. Na última quarta, a sessão de seu filme, "Estamos Juntos", foi cancelada em cima da hora por conta do alerta de chuvas fortes na cidade. "Claro que gera uma ansiedade. O processo de um filme é muito longo. A ideia pra esse filme surgiu há quase dez anos", conta, em entrevista exclusiva ao UOL Cinema.
"Estamos Juntos", que estreia no dia 17 de junho em 40 salas do país, faz um retrato sensível de Carmem (Leandra Leal), uma jovem médica em São Paulo que se envolve num trabalho voluntário com o movimento dos sem-teto bem no momento em que descobre ter uma doença fatal. Numa cadência sutil, o filme intercala o drama pessoal de Carmem com o drama dos desvalidos que não têm onde viver.
"Quis mostrar esse recorte jovem e contemporâneo de São Paulo, uma cidade que consegue ser ao mesmo tempo linda e horrorosa", diz Venturi. Nas primeiras versões da história, Carmem seria uma bancária. Mas isso dificultava a "colisão dos mundos" dos diversos personagens. Carmem virou então médica. "O universo dos médicos é muito explorado no cinema e na TV americanos, mas pouco no cinema brasileiro", diz.
Cauã gay
O elenco ainda tem Dira Paes como a líder dos sem-teto e Cauã Reymond como um DJ, o amigo gay de Carmem. Para se preparar para o papel, Cauã frequentou as baladas gays de São Paulo.
No novo filme, Toni consolida um método de sua obra: o de usar a experiência nos documentários para construir seus filmes de ficção. Depois de um documentário sobre a militância dos anos 60, ele rodou a ficção "Cabra Cega". Em seguida, fez "Dia da Festa", documentário sobre os sem-teto de São Paulo. E essa vivência tornou-se parte importante na ficção de "Estamos Juntos".
A expectativa para o lançamento é grande. "Uma obra inédita, não adaptada de um livro tem sempre o risco de cair nessa vala comum do cinema contemporâneo", diz, ao mesmo tempo receoso e confiante.
Venturi faz mistério sobre o próximo projeto, mas adianta que fará novamente a dobradinha do documentário que depois vai inspirar uma ficção, dessa vez rodado na Amazônia. "Eles terão de novo essa pegada existencial", diz.
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