RIO - Há muitas e muitas rimas, num rap distante, eles se diziam dispostos a falar todos os palavrões e sacanagens do mundo pelo seu direito de se divertir. Agora, 25 anos depois de debutarem com "Licensed to ill", puxado pelo hit "(You gotta) Fight for your right (to party!)", os Beastie Boys, menos desbocados, mais serenos e com um câncer deixado para trás, voltam ainda pegando fogo com "Hotsaucecommitteeparttwo", seu melhor disco em muitos e muitos anos.
O recado é dado de cara, com dois electrofunks matadores - "Make some noise" e "OK". Em vez de reflexões sobre as águas turbulentas enfrentadas pelo grupo - MCA (Adam Yauch) teve de enfrentar um câncer na garganta, o que adiou o lançamento do disco desde 2009 -, "Hotsaucecommitteeparttwo" é para cima e para a frente ("Aqui vamos nós novamente/ De volta ao microfone/ É o antidepressivo") dizem já na primeira das suas 16 músicas.
Um suposto problema para o trânsito - uma recente "pesquisa" feita na Inglaterra mostrou que os BB são um dos grupos mais perigosos (?) para se ouvir ao volante -, Mike D, Ad-Rock e MCA fizeram de "Hotsaucecommitteeparttwo" um disco de poucas retas e muitas curvas, cheias de grooves derrapantes.
Produzido por eles mesmos, o disco parece resumir o aprendizado de eras em busca da batida perfeita. O som é "gordo", bem tirado, com um jeito old school e a potência de um trabalho feito com a tecnologia atual. Isso vale no mergulho no reggae ("Don't play no game that I can't win", com participação de Santigold), no balanço instrumental ("Multilateral nuclear disarmament") e no hardcore "Lee Majors come again", de título simbólico para um disco tão heroico.
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