quarta-feira, 4 de maio de 2011

Paquistão critica EUA por 'falta de confiança' no país

O governo paquistanês criticou declarações feitas por autoridades americanas de que o país não era confiável e por isso não foi informado dos detalhes da operação que matou Osama Bin Laden.

O diretor da CIA, Leon Panetta, disse que nenhuma informação de inteligência foi compartilhada com o Paquistão devido a temores de que o sucesso da operação fosse colocado em risco.

Mas o ministro do Exterior paquistanês, Salman Bashir, disse à BBC que esta visão é "desconcertante" e que seu país teve um "papel fundamental" na luta contra o terrorismo.

Bashir disse que Panetta tem direito a suas opiniões, mas que o Paquistão cooperou amplamente com os Estados Unidos.

Ele disse que o complexo em Abbottabad onde Bin Laden foi encontrado e morto no domingo já havia sido identificado como suspeito há algum tempo pelos serviços de inteligência do Paquistão (ISI), mas que foram necessários os abundantes recursos dos Estados Unidos para determinar que se tratava do esconderijo do líder da Al-Qaeda.

"Na maioria das coisas que aconteceram em termos de luta global anti-terrorismo, o Paquistão teve papel fundamental", disse Bashir.

"Então é um pouco desconcertante quando temos declarações como esta."




"Incompetência"

Na terça-feira, o Ministério do Exterior do Paquistão defendeu o ISI e divulgou uma longa nota expressando "profundas preocupações e reservas" sobre a ação americana.

O Ministério insistiu que ações unilaterais não podem se tornar norma e enfatizou que a inteligência paquistanesa vinha compartilhando informações com os Estados Unidos nos últimos anos.

"Em relação ao complexo em questão, ISI tem compartilhado informações com a CIA e outras agências de inteligência desde 2009."
De acordo com analistas, se Bin Laden estava realmente escondido no local há cinco anos, como se suspeita, as autoridades paquistanesas foram incrivelmente incompetentes ou estavam protegendo o líder da Al-Qaeda.

A mansão de Bin Laden ficava a menos de um quilômetro da Academia Militar do Paquistão, a maior do país.

Detalhes

A Casa Branca vem divulgando detalhes da operação que matou Osama Bin Laden, incluindo o fato de que ele estava desarmado quando foi alvejado, após resistir à prisão.

Dois de seus mensageiros e uma mulher morreram no ataque, enquanto uma das esposas de Bin Laden ficou ferida.
Os Estados Unidos não fizeram comentários sobre ninguém que foi capturado, revelaram apenas que o corpo de Bin Laden foi sepultado no mar.

No entanto, a declaração divulgada pelo Ministério do Exterior paquistanês dizia que o restante da família de Bin Laden "está agora em segurança e sendo tratada de acordo com a lei".

Autoridades americanas vem discutindo como e quando divulgar as fotos do corpo de Bin Laden como forma de jogar por terra teorias que defendem que ele não morreu.

O porta-voz da Casa Branca Jay Carney disse que a imagem "pavorosa" poderia ofender algumas pessoas, mas Panetta disse que não há dúvidas de que, em algum momento, ela terá de ser trazida a público
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